Segundo o Feng Shui, a técnica milenar chinesa de harmonização de ambientes, este é o primeiro passo para a renovação. "Ao eliminar excessos, melhoramos o fluxo de energia no ambiente. Realizar uma grande limpeza em casa, pelo menos uma vez por ano, é excelente para atrair bons fluidos", afirma o arquiteto e professor de Feng Shui, Sérgio Carillo.
É claro que nem sempre é fácil desfazer-se de itens pessoais que carregam um pouco da história de vida dos donos. "Objetos são impregnados de significados. A caixinha de recordações ou o arquivo do computador com fotos e filmes, até certo ponto, servem de apoio para a memória afetiva e trazem a lembrança do que foi vivido", explica a doutora em psicologia clínica Liliana Liviano Wahba, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Muitos destes itens estão ligados a momentos de prazer e alegria. Como estamos sempre em busca da felicidade, abrir mão daquilo que nos faz lembrar bons momentos pode ser doloroso. Mas em vez de celebrar a recordação, acumular mais objetos do que o necessário funciona como uma espécie de âncora, impedindo a pessoa de seguir adiante. Isso os especialistas garantem.
Além disso, o desapego pode levar à reflexão e à adoção de um novo estilo de vida, muito mais simples. "Ao reavaliar o que possui, a pessoa se abre para a possibilidade de viver com menos e acaba repensando o que ela realmente precisa para ser feliz", defende a psicóloga Maria Alice Fontes, doutora em saúde mental pela Universidade Federal de São Paulo.
Por onde começar
A primeira coisa a fazer é dar uma olhada geral nos ambientes. "Objetos quebrados e fora de uso devem ser descartados primeiro", ensina a personal organizer Ana Afonso. Depois, os aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos; como fazem um grande volume, o ideal é conservar só os que são usados regularmente, além de estarem em perfeito estado, é claro. "É importante levar em conta que aquilo que não vale mais para você pode fazer uma diferença enorme na rotina de outra pessoa", afirma.
De acordo com a consultora de organização Eliete Teixeira, cortinas e tapetes também devem ser alvo de uma inspeção rigorosa. "Conforme o tempo passa, as fibras do tecido envelhecem, perdem a coloração e acabam não cumprindo mais a função decorativa. Passam a servir apenas para acumular pó", diz.
Nessa faxina anual, além de se livrar dos móveis e objetos que não são mais úteis, procure pensar em maneiras de facilitar a sua rotina. Eliete Teixeira defende que se deve considerar a questão prática. "Algumas pessoas têm mania de colocar tapetes pela casa toda. Só que a manutenção deles é supertrabalhosa",diz.
Além das peças que serão doadas ou simplesmente descartadas, organize as que necessitam de conserto. Acondicione-as em uma caixa à parte e, se possível, coloque-as no carro imediatamente. Assim, na próxima vez que sair, você dará um jeito de levá-las ao local correto e vai parar de adiar indefinidamente essa providência.
Alguns cômodos exigem mais atenção
A cozinha é um ambiente onde costumamos acumular utensílios. Pratos e talheres são um exemplo. "Se a pessoa não está acostumada a receber muitas visitas, não tem porque ter três ou quatro jogos de jantar e diversos faqueiros. Um para o uso diário e outro para ocasiões especiais é o suficiente", garante Eliete.
O escritório é outro território propício à desorganização. Ali é preciso vasculhar as gavetas e jogar fora agendas antigas e desatualizadas, organizar contas e recibos em pastas, checar canetas e blocos de anotações. E também tem o acúmulo de livros. "O que já foi lido e não é de consulta ocasional pode e deve ser repassado, até para abrir espaço para títulos novos", aconselha a organizadora Ana.
Descarte consciente
Depois de selecionar tudo o que não quer mais, é preciso considerar o destino final desses objetos. Os itens em bom estado podem ser doados ou oferecidos às pessoas próximas, amigos e familiares. Outra opção é tentar vender ou trocar por meio de redes sociais e sites especializados. "Mas é preciso estabelecer um prazo máximo para a venda. Esperar mais do que 15 dias já é arriscado, porque depois desse tempo você se acostuma com aquele item novamente e ele volta a fazer parte da decoração", diz consultora Eliete.
Se a escolha for doar, instituições de caridade recebem praticamente tudo: móveis, eletrodomésticos, jogos de cama, cozinha e roupas. Muitas delas fazem, inclusive, a retirada do material. "O consumidor consciente sempre pensa na reutilização dos produtos. Muitas casas assistenciais renovam móveis e até consertam eletrodomésticos para repassar a seus assistidos", afirma o coordenador de conteúdo do Instituto Akatu, Estanislau Maria.
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